sábado, 12 de abril de 2008

O ESPÍRITO DA LETRA
(Um poema de "A balada do cárcere")

Ao pé da letra agora, em minha vida
há a morte e uma mulher... E a letra dela,
a primeira, me busca e me martela
ouvido adentro a mesma despedida

outra vez e outra vez, sempre espremida
entre as vogais do amor... Mas como vê-la
sem exumar uma vez mais a estrela
que há anos-luz se esbate sem saída,

sem prazo de morrer na luz que treme?!
O mostro que eu matei deixou-me a marca
suas pernas abertas ante a Parca

aparecem-me em tudo: é a letra M
a da Medusa que eu amei, a barca
sem amarras, sem remos e sem leme...

(Castro Alves)


*Claudinha

Um comentário:

Bessa disse...

Boa tarde!

só uma pequena correção: o soneto acima não é de autoria de Castro Alves, mas sim de Bruno Tolentino. O mesmo se encontra na obra "A Balada do Cárcere" (Edições Topbook), página 67.

Abraços.